O que é mobilidade inteligente?
Mobilidade inteligente é uma maneira nova e revolucionária de pensar sobre como nos locomovemos - uma forma mais limpa, segura e eficiente.
Por Geotab
16 de setembro de 2022
•7 minutos de leitura
Mobilidade inteligente refere-se ao uso de outros modos de transporte em conjunto ou em paralelo em vez de ter um veículo movido a gasolina. Isso pode assumir muitas formas diferentes, incluindo o compartilhamento de carro, caronas solidárias, transporte público, caminhadas, ciclismo e muito mais. A necessidade da mobilidade inteligente surgiu em função do aumento do congestionamento de tráfego e seus respectivos efeitos colaterais, incluindo poluição, mortes e desperdício de tempo. Nesta publicação do blog, vamos responder à pergunta "O que é mobilidade inteligente?" e explicar como ela se conecta a uma cidade inteligente.
Transporte e o problema de tráfego
O conceito de transporte pode ser dividido em duas partes: veículos de propriedade particular e sistemas de transporte público. O carro transformou as cidades e o modo de vida. Mas, com a urbanização e o aumento populacional, o tráfego rodoviário tornou-se um grande problema nas cidades mundiais.
Os planejadores buscaram diferentes soluções para solucionar o congestionamento de tráfego. A construção de mais rodovias foi uma das idéias. Mas a expansão da capacidade só gera mais tráfego: um caso clássico de demanda induzida. Construir estradas aumenta o número de motoristas. Os aplicativos móveis foram outra ideia, projetados para ajudar as pessoas a encontrar rotas alternativas. No entanto, os pesquisadores descobriram que esses aplicativos realmente pioram o tráfego e aumentam o congestionamento nas ruas laterais.
Consulte também: 7 Smart City Solutions to Reduce Traffic Congestion (Sete soluções de cidades inteligentes para reduzir o congestionamento de tráfego)
Os Estados Unidos perderam US$ 305 bilhões em 2017 por causa do congestionamento de tráfego. Isso sem falar no desperdício de tempo: 34 horas por ano que cada americano gasta em média preso no trânsito. Lukas Neckermann, autor de "Smart Cities, Smart Mobility (Cidades inteligentes, mobilidade inteligente), afirma que o tráfego criou "um incentivo econômico para uma revolução na mobilidade, um incentivo logístico para mudar as nossas cidades, mas também temos uma crise na saúde pública... então é um incentivo na saúde pública para uma revolução na mobilidade". A questão da segurança, as espantosas estatísticas de colisões na estrada e o aumento da condução distraída também incentivaram a ação. É possível encontrar a solução para os problemas de tráfego na mobilidade inteligente.
Assista à palestra completa de Neckermann aqui, gravada na GEOTAB CONNECT 2018 em Toronto.
O que é mobilidade inteligente?
A mobilidade inteligente é uma nova e revolucionária forma de pensar sobre como nos movemos, de uma maneira que seja mais limpa, segura e eficiente. Colocando de outra forma, Neckermann chama isso de nova visão: "zero emissões, zero acidentes, zero propriedade".
O conceito de mobilidade inteligente inclui uma ampla variedade de modos de transporte: patinetes, bicicletas (normais, elétricas, dobráveis), ônibus, trens rápidos, metrôs, bondes, táxis, veículos autônomos, caminhadas... a lista continua a crescer. Além disso, os usuários têm a opção de adquirir ou compartilhar.
Só a partir de 2012-2013, o mercado global de compartilhamento de veículos cresceu 50%, totalizando 3,5 milhões de membros. Em 2020, espera-se que alcance 26 milhões. Os mercados de leasing, de compartilhamento e de aluguel de veículos estão convergindo e crescendo, ao passo que cada vez menos pessoas possuem carros.
Princípios-chave da mobilidade inteligente
O conceito vai além de simples formas alternativas de transporte. A mobilidade inteligente baseia-se nos seguintes princípios:
- Flexibilidade: vários modos de transporte permitem que os passageiros escolham quais se encaixam melhor para uma determinada situação.
- Eficiência: a viagem leva o passageiro ao seu destino com o mínimo de interrupções e no menor tempo possível.
- Integração: a rota completa é planejada de porta a porta, independentemente dos modos de transporte usados.
- Tecnologia limpa: o transporte afasta-se de veículos poluidores para incentivar veículos não poluentes.
- Segurança: mortalidades e lesões são drasticamente reduzidos.
Outros dois aspectos da mobilidade inteligente são a acessibilidade e o benefício social, o que significa que ela deve ser acessível a todos e ajudar a melhorar a qualidade de vida.
A mobilidade inteligente por si só já alcança resultados. No entanto, ela também pode ser integrada às cidades inteligentes. Vamos examinar as instâncias de ambas na seção a seguir.
Como a mobilidade inteligente conecta-se a uma cidade inteligente?
As cidades podem responder a essas mudanças e integrá-las ao seu planejamento. Columbus, em Ohio, por exemplo, começou a coletar dados de tráfego para identificar e solucionar problemas de segurança antes que eles se tornassem problemas, por exemplo, identificando pontos de colisão nas ruas da cidade, e a detectar possíveis problemas de sinal. A cidade está prestes a se tornar a primeira Cidade Inteligente dos Estados Unidos graças a uma concessão do Departamento de Transporte dos EUA, e a análise desses dados transformará a cidade na espinha dorsal dos futuros projetos de Cidade Inteligente.
Para resumir, uma Cidade Inteligente não soluciona os problemas de tráfego com mais estradas, mas buscando outras opções. Entre as opções populares estão o incentivo a caminhadas, ao ciclismo e à utilização de transporte público. Mais opções inéditas incluem redes de sensores que ajudem os passageiros a ver e evitar ruas congestionadas, e dados agregados que possam fornecer várias informações para as cidades.
Como a mobilidade inteligente parece no mundo real?
Não existe uma única solução para uma cidade inteligente: os exemplos reais variam de um distrito na Coreia do Sul, desenvolvido para ser construído como uma cidade inteligente, às antigas cidades da Europa que não têm espaço para construção e que implementam diversas soluções para reduzir o número de veículos nas ruas.
Andando de bicicleta em Barcelona
Havia uma estimativa de 500 serviços de compartilhamento de bicicletas no mundo em 2013, com 20% deles localizados na Espanha. As cidades com os maiores serviços de compartilhamento de bicicletas do país foram Barcelona, com 6.000 bicicletas, e Valência e Sevilha, com 2.000 bicicletas cada. (Paris tem o maior sistema de compartilhamento de bicicletas da Europa, com 23.000 bicicletas.)
Barcelona tem cerca de 1,6 milhão de habitantes. Estima-se que seu sistema de compartilhamento de bicicletas, o Viu Bicing, salve uma vida e economize 2,5 milhões de euros por ano. O sistema custa aos usuários somente 47 euros por ano, desde que não ocorra nenhuma multa por atraso. Os usuários passam um cartão magnético na parte da frente do leitor Viu Bicing no rack de bicicletas para retirar a bicicleta emprestada. Se a bicicleta for devolvida em até 30 minutos em outro rack, o usuário não pagará mais nada. O sistema trabalha em parceria com a cidade, e há racks de bicicletas em toda parte, facilitando a retirada pelos usuários.
Sistema Mass Rapid Transit (MRT) de Singapura
Com um número crescente de residentes (mais de 5,6 milhões de pessoas) e de veículos (quase 1 milhão de veículos), a Land Transportation Authority (ALP) e a Intelligent Transportation Society Singapore (ITSS) de Singapura se uniram para criar um sistema de transporte inteligente e melhorar o percurso dos usuários.
O plano estratégico de mobilidade inteligente para 2030 de Singapura é um exemplo de plano inteligente com foco principal no transporte. O projeto visa ser informativo, interativo, assistencial e usar a mobilidade verde. A LTA e a ITSS definiram três estratégias-chave para atingir suas metas:
- Implementar soluções inovadoras e sustentáveis de mobilidade inteligente.
- Desenvolver e adotar padrões inteligentes no sistema de transportes.
- Estabelecer cocriações e parcerias estreitas.
A Holanda e os grandes volumes de dados
A Holanda sempre esteve na vanguarda por ser um país amigável para bicicletas. Os cartões postais de Amsterdã, por exemplo, mostram com frequência inúmeras fileiras de bicicletas que comprovam isso. Mas os Países Baixos fazem mais do que apenas ter ciclovias.
Amsterdã tem uma população de cerca de 800.000 habitantes. Há mais de 10 anos, a cidade adotou um projeto acionado por dados para analisar as informações coletadas de seus residentes. Os líderes de projeto analisaram e finalmente integraram os dados de 32 departamentos da cidade, que tinham entre eles 12.000 bancos de dados repletos de informações.
Assim surgiu uma lista de 100 projetos pilotos. Um deles, por exemplo, modificou a coleta de lixo que passou de caminhões de lixo separados para um único caminhão de recolhimento de resíduos e materiais recicláveis, o que reduziu o número de caminhões de lixo em circulação, um excelente benefício para as ruas muito estreitas de Amsterdã.
No entanto, Amsterdã não foi a única cidade que adotou melhorias em seu sistema de transporte. Woensdrecht, uma pequena cidade com 22.000 habitantes, atualizou sua apagada ciclovia de 10 quilômetros até a vizinha Bergen op Zoom com luzes de LED que só acendem automaticamente quando uma bicicleta ou um carro passa por ela. Ainda que a instalação dessas luzes de LED necessitem de um investimento considerável, menos eletricidade é usada do que com as lâmpadas incandescentes e elas duram mais. Além disso, elas podem ser equipadas com câmaras e microfones, receptores de rede de malha Wi-Fi, futuros pontos de transmissão de 5G e sensores de qualidade do ar.
Distrito Empresarial Songdo em Incheon, Coreia do Sul
A Coreia do Sul, ao contrário de muitos países do mundo, tem terrenos disponíveis para construir novas cidades. Sem o impedimento de antigas infraestruturas e edifícios, o país pode construir o que seus departamentos de planejamento quiserem, o que foi o caso do Distrito Empresarial Songdo em Incheon, uma cidade com aproximadamente 3 milhões de pessoas, cerca de uma hora a oeste de Seul.
Songdo foi construído em 1.500 acres de terras retomada do Mar Amarelo para abrigar cerca de 300.000 pessoas e atrair empresas internacionais e escolas. A cidade tem objetivos ambiciosos: ser sustentável para o meio ambiente (mais de 100 prédios receberam o certificado LEED), com bicicletas e sem carros.
Pelo sistema de metrô, o distrito se conecta aos sistemas de transporte de Seul e Incheon. Os ônibus também já estão em uso e os desenvolvedores prometeram disponibilizar uma parada a 12 minutos de cada bairro. Além disso, a extensa rede de ciclismo está em construção e estações de carga de EV já estão em uso.
Mas essa cidade inteligente oferece mais do que apenas mobilidade inteligente:
- Calhas pneumáticas coletam e distribuem os resíduos no subterrâneo, eliminando a necessidade de caminhões de lixo nas estradas.
- As televisões das residências são conectadas de forma que os residentes possam acessar a administração municipal.
- As luzes e a temperatura das casas ou dos apartamentos podem ser controladas por um painel central ou um smartphone.
- No distrito, uma única central de controle monitora 300 câmeras de segurança interativas que incluem sistemas de chamadas de emergência.
Ainda em andamento e talvez à frente do seu tempo, Songdo espera definir o padrão e tornar-se um centro de inovação e pesquisa. No entanto, as pessoas estão demorando para se mudar para lá, e a população da cidade ainda não atingiu os níveis esperados. Isso avisa aos planejadores e desenvolvedores que, embora a cidade seja inteligente, ela também precisa compreender e atender às necessidades dos residentes.
Conclusão
A mobilidade inteligente promete a verdadeira conveniência: usar qualquer modo de transporte que se adapte melhor ao passageiro para melhorar a saúde e economizar dinheiro. As opções de implementação da mobilidade inteligente são tão variadas quanto os inúmeros sabores dos sorvetes, liberando muito espaço para os municípios encontrarem soluções personalizadas para seus residentes.
Com previsão de a população mundial alcançar 8,5 bilhões até 2030, 9,7 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100, a necessidade de encontrar uma solução melhor de transporte torna-se cada vez mais urgente. E é aí que a mobilidade inteligente entra em ação.
Próximo artigo: O impacto da inteligência artificial na indústria de mobilidade
Referências:
- Siemens AG. (2015). Smart Mobility - A tool to achieve sustainable cities. [On-line] Disponível: http://www.vt.bgu.tum.de/fileadmin/w00bnf/www/VKA/2014_15/150212_Smart_Mobility_v5_TUM.pdf
- Frost & Sullivan. (n.d.). Future of Mobility. [On-line] Disponível: https://ww2.frost.com/research/visionary-innovation/future-mobility
- Government of Singapore. (2014, Sep. 24). Smart Mobility 2030. [On-line] Disponível: https://www.lta.gov.sg/content/ltaweb/en/roads-and-motoring/managing-traffic-and-congestion/intelligent-transport-systems/SmartMobility2030.html
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